A criação da Biblioteca de Direitos Humanos “Enzo Melegari” é fruto do convênio entre a UFPB e o MLAL (Movimento Leigo América Latina), ONG de cooperação internacional com sede em Verona, Itália.

A biblioteca se intitula a Enzo Melegari, em memória do  ex-presidente do Movimento Leigo da América Latina.

Seu acervo está à disposição de estudantes, professores, pesquisadores da UFPB, interessados em aprofundar  seus conhecimentos na área dos Direitos Humanos.

Acervo

– A biblioteca conta atualmente com um acervo de mais de 2000 textos, incluindo livros, revistas, cartilhas, documentos, monografias, dissertações, cd-roms e vídeos.

– O acervo pode ser consultado através do sistema de bibliotecas da UFPB, no endereçohttp://www.biblioteca.ufpb.br com a sigla DH_UFPB.

– O emprestimo está disponivel na sede do NCDH.

Bibliotecária Responsável

Ângela Maria de Almeida Gouveia

 

Enzo Melegari (1946-2002)

Natural de Verona, Itália, cresceu numa família de profundas convicções católicas que marcaram suas opções pessoais e profissionais durante toda a sua vida.
Nos anos sessenta, foi um dos primeiros a recusar o serviço militar obrigatório em nome de uma postura não violenta, inspirada nos princípios evangélicos. Esta opção lhe custou vários períodos de prisão em diversas penitenciárias militares da Itália, mas o seu gesto contribuiu para que, no começo dos anos setenta, o parlamento italiano promulgasse a lei de “objeção de consciência”, que permitiu substituir o serviço militar obrigatório com o serviço civil voluntário.

Depois disso, como outros jovens católicos, seguiu o caminho do voluntariado internacional, experimentando na própria vida os ideais do chamado “terceiromundismo”, uma das correntes ideológicas transversais e profundas dos movimentos juvenis daquele tempo. Em 1974, trabalhou na Venezuela, como pesquisador, na Universidade de Caracas em um projeto do MLAL em colaboração com as centrais sindicais desse país.

Quando voltou à Itália, assumiu um cargo de direção no MLAL e se tornou um ponto de referência intelectual e moral para a organização para a qual trabalhou, com pequenas interrupções, durante toda a sua vida. Como dirigente do MLAL promoveu e participou de várias campanhas de solidariedade internacional: para a defesa da Amazônia e dos povos que nela habitam, em favor da Nicarágua pós-revolução, contra a exploração do trabalho infantil, a favor dos meninos e meninas de rua do Brasil ou de los niños de la calle del Peru; idealizou um projeto para fazer dialogar as duas antípodas da idade: as crianças e os idosos; animou o Centro de Estudos do MLAL, cuidou de publicações sobre os temas mais relevantes e urgentes da agenda latino-americana; publicou o livro Solidariedade na Encruzilhada; visitou quase todos os países da América Latina, acompanhando os projetos do MLAL; fundou o IFORM, agência para a formação e a assessoria e participou, desde 1995, da construção do SPICES, Escola de Política Internacional e Cooperação ao Desenvolvimento.

Em 2000, foi eleito presidente do MLAL, cargo para o qual foi reconduzido por unanimidade em abril de 2002; mas, a doença o atingiu repentinamente em plena atividade e impedido-lhe de levar a termo os novos projetos.

Enzo sempre estava à frente do seu tempo, nunca se envolvia em disputas pequenas, mesquinhas, em intrigas ou desavenças pessoais; era um intelectual orgânico do voluntariado cristão. Profundamente católico, nunca perdeu essa sua identidade, que expressava discretamente, como acontece com as convicções profundas que marcam toda uma vida. Sabia escutar, tinha a paciência de ficar calado durante horas nas reuniões e assembléias, para depois elaborar e sistematizar as propostas dos outros; raramente falava e escrevia em primeira pessoa (talvez por um excesso de modéstia), mas sempre como porta-voz, ainda que com acentos muito pessoais e originais, de humores, sentimentos, inquietações e propostas do movimento.

Enzo foi um dos mentores do projeto UNI-CIDADANIA: colaborou na sua idealização, lutou para que fosse aprovado e sempre o acompanhou com grande interesse e carinho. Em março de 2002, poucos meses antes do seu falecimento, veio propositalmente a Recife para discutir com a coordenação os rumos do projeto.

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