Mês: setembro 2016

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Tereza Correia da Nóbrega Queiroz

Juventude, Educação e Memória

Vivemos uma época desmemoriada.

O que faz pessoas que viveram uma ditadura militar saírem as ruas com cartazes, demandando a volta dos militares ao poder? É uma atitude reveladora da distância em que estamos da construção de uma cultura política verdadeiramente democrática. Outro sintoma desta carência é o desejo de destruição do outro, de negação de quem pensa diferente, de quem age diferentemente do modelo considerado por alguns como “normal”. A ausência dessa cultura se traduz em flagrantes e graves desrespeito aos direitos humanos de negros, homossexuais, mulheres, pobres, moradores de rua. Em intolerâncias e agressões no facebook ou nas ruas como aconteceu com a atriz Letícia Sabatella. Portanto a pergunta sobre quanto da ditadura ainda está presente entre nós é pertinente no cenário atual da sociedade brasileira.

A nossa história é rica de exemplos de transições construídas pelo alto, pela cúpula de partidos e representantes de grupos hegemónicos. Foi assim com a transição da ditadura para o estado democrático de direitos em meados dos anos 80. Ao clamor das ruas pelas eleições diretas, nossos representantes fizeram uma conciliação pelo alto, organizando uma eleição indireta e relegando ao silêncio os crimes da ditadura e o debate sobre as violências institucionais. E foi preciso muito esforço para que se instalassem processos como o das comissões da verdade que se debruçaram sobre as histórias dos mortos pela ditadura, dos que sofreram torturas e violências de toda ordem, para tornar efetivo um direito humano fundamental que é o direito humano à memória e à verdade.

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